Por José Roberto Castro
São Paulo (AE) – Feita ainda em momento de comoção pela trágica morte de Eduardo Campos, a pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira, 18, mostra a força de Marina Silva, na opinião do cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas Marco Antônio Carvalho Teixeira. Mas, para ele, o fim da comoção e o início do horário eleitoral é que vão mostrar um patamar mais realista da provável candidata do PSB à Presidência.
“A pesquisa traz, no mínimo, o ponto de partida dela. Se ela vai manter isso ou se vai subir, temos que esperar pelo menos mais duas novas rodadas”, afirma o cientista político, lembrando o início do horário eleitoral, nesta terça-feira, 19.
A grande mudança de estratégia, na visão de Teixeira, terá de acontecer para Aécio Neves. O tucano, que antes se preocupava somente com Dilma Rousseff, uma vez que a campanha do PSB tinha dificuldades para crescer, agora se vê em um duelo por uma vaga no segundo turno com a provável candidata do PSB.
“Ela puxa indecisos e nulos que, pelo visto, não queriam ir nas opções que estavam postas”, afirma, comparando o resultado de hoje com a última pesquisa, que ainda tinha Campos como candidato.
O patamar “altíssimo” de Marina no segundo turno, quando aparece à frente de Dilma Rousseff por 47% a 43% – diferença dentro da margem de erro -, também foi destacado pelo cientista político. Segundo o professor, Marina “tira o sono do PT” e mostra que consegue atrair o voto de Aécio em um embate direto com Dilma.
No entanto, os problemas de base partidária menor que os rivais – que dificultavam a campanha de Campos – devem permanecer para Marina. “A falta de base tem um efeito em cidades pequenas e médias. Em 2010, o voto dela foi basicamente um voto urbano.”
Boa notícia para o governo
Teixeira destacou ainda a diminuição na reprovação ao governo Dilma, que vinha crescendo nos últimos meses. “A única boa notícia para o governo” nas últimas semanas é atribuída pelo cientista ao início da campanha de Dilma Rousseff, que “foi para a rua” depois do início do período eleitoral oficial. A avaliação positiva do governo Dilma foi de 32% para 38%, enquanto os que responderam “ruim” ou “péssimo” foram de 29% para 23%.
“Ela foi mais pra rua, tomou medidas de diálogo com setores da economia, distribuiu pacotes de bondade”, afirma Teixeira, afirmando que Dilma entrou tardiamente na campanha, o que pode ter facilitado o crescimento de rivais.
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