Iniciativa da Câmara do Movimento SC pela Educação visa estimular a sociedade a contribuir com a elevação da escolaridade do trabalhador
Mobilizadas por uma educação de mais qualidade, lideranças de Jaraguá do Sul e região lançaram ontem, 6, a Carta de Jaraguá do Sul. O documento lista os 10 compromissos assumidos pela Câmara Regional do Movimento Santa Catarina pela Educação, liderado pela FIESC, que contribuem para a elevação da escolaridade básica do trabalhador e com a melhoria da qualificação profissional. O evento ocorreu no município, durante seminário com o historiador e reitor da Universidade de Lisboa, António Nóvoa, que reuniu cerca de 1,3 mil professores do Estado.
“Os professores são os primeiros que devem permanecer abertos à realidade e ter a mente sempre aberta para aprender”, salientou o presidente da FIESC, Glauco José Côrte, ao citar ensinamentos do Papa Francisco, durante debate sobre o perfil do professor para a educação do século 21. “Os jovens compreendem, farejam e são atraídos pelos professores que têm um pensamento aberto, e, assim, contagiam os estudantes com esta atitude”, acrescentou. Côrte destacou atividades realizadas pelo Movimento ao longo de 2017, ano no qual o grupo focou em ações voltadas aos professores.
Novo docente – Para Nóvoa, pensar em professores significa pensar na responsabilização deles. “Não podemos ignorar problemas em políticas de educação e falta de investimento. É um tempo de transformação profunda da escola, pensada e construída no século 21, que está chegando ao final de um ciclo histórico”, destacou, citando a universalização do acesso das crianças à educação infantil e o combate ao trabalho infantil.
Nóvoa disse que é um novo tempo para a profissão docente e um movimento forte para profissionalização do professor. “Trata-se de um “acartilhamento” das práticas. Isto não é ser professor, é um atentado. Há tendências de privatização da educação com regresso à prática da educação doméstica”, alertou. “Precisamos construir um novo tempo, pensar na escola e na formação do professor a partir de um novo ambiente”, ressaltou.
“É preciso promover a autonomia dos nossos alunos, temos que oferecer uma educação emancipatória, uma escola inclusiva. Também não há educação sem cooperação, sem que as crianças se comuniquem umas com as outras. Precisamos de uma escola ativa, do trabalho. Os alunos também precisam criar, só se aprende sendo cientista, criando coisas, e não apenas consumindo o que já foi feito”, pontuou Nóvoa, lembrando que as escolas de hoje não promovem estas questões.
O vice-presidente regional da FIESC, Célio Bayer, explicou que grupos de trabalho serão formados para a elaboração dos planos de ação, por município, para colocar em prática os 10 compromissos propostos na Carta. “Acreditamos que podemos e seremos os pioneiros na realização de um trabalho articulado entre todos os envolvidos, direta e indiretamente, com a educação, criando uma ação coordenada, colaborativa e em rede que será revertida na melhoria dos indicadores educacionais da nossa região”, afirmou.
10 compromissos de Jaraguá do Sul
Na minha empresa:
1 – Promover ações de educação nas empresas que incentivem os trabalhadores a volta aos estudos.
2 – Desenvolver a cultura do intraempreendedorismo na empresa.
3 – Estruturar ações educacionais que possibilitem aos trabalhadores compartilhar os seus conhecimentos com seus pares, líderes e liderados.
4 – Conhecer as ações de educação realizadas por outras empresas e divulgar as suas. As boas práticas podem ser reaplicadas na empresa e, até mesmo, no setor produtivo do qual a empresa faz parte.
Na minha comunidade:
5 – Apoiar ações de educação nas escolas da comunidade, onde a empresa está inserida, promovendo a aproximação entre a escola e o mundo do trabalho. Exemplos: instituir o “Dia do Empresário na Escola”; “Dia da Empresa na Escola”; incentivar a participação dos trabalhadores em ações de voluntariado nas escolas; realizar palestras nas escolas sobre profissões, educação e trabalho.
6 – Conhecer boas práticas realizadas por professores e gestores das escolas do entorno da empresa, criando formas de reconhecimento desses profissionais e divulgando as iniciativas de sucesso identificadas.
Na minha região:
7 – Apoiar as ações realizadas na sua região para melhorar a educação quanto à escolaridade, qualificação profissional e qualidade do ensino.
8 – Incentivar os sindicatos pertinentes ao setor econômico de cada empresa para participarem das campanhas de incentivo à volta aos estudos dos trabalhadores.
9 – Aproveitar, na sua região, o espaço da Câmara Regional de Educação do, Movimento Santa Catarina pela Educação, para encontros, discussões, troca de experiências e disseminação de boas práticas sobre educação e desenvolvimento econômico.
10 – Participar das ações de articulação, promovidas pelo Movimento Santa Catarina pela Educação, entre as empresas da sua região, a sociedade civil e o poder público, para a busca de soluções educacionais conjuntas voltadas à resolução de problemas comuns identificados na sua região.
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