A cada 365 dias é impossível não comemorar mais um aniversário e pensar que as prioridades mudam com passar do tempo e os cabelos grisalhos irão chegar mais cedo ou mais tarde. Com eles, as dificuldades e desafios da fase da vida mais temida por milhões de pessoas no mundo inteiro: a velhice, contudo, a mais admirada por outras milhões. Nas últimas décadas, órgãos de saúde e de assistência social têm pesquisado e posto em prática alternativas de prolongar a longevidade, fortalecendo a estrutura corporal por intermédio de uma alimentação saudável e exercícios contínuos e, não menos importante, cuidar da parte subjetiva do coração, ou seja, manter vínculos afetivos com a família ou estabelecer novas amizades, já que uma das queixas mais recorrentes entre esta faixa etária é justamente a solidão.
Neste domingo, 1 de outubro, é celebrado o Dia Internacional da Pessoa Idosa, considerada a partir dos 60 anos de idade. Em Lages, a Secretaria Municipal da Assistência Social e Habitação, por intermédio do Programa Vida Ativa, e o Serviço Social do Comércio (Sesc), organizaram um roteiro de atividades específicas para oportunizar à “melhor idade” manifestações de proteção, aconchego e afeto mútuo. O cenário do Parque Jonas Ramos (Tanque) foi ideal e a temperatura elevada da tarde foi conveniente à proposta.
Nas tendas montadas às margens do Tanque estavam profissionais capacitados a prestar orientações pertinentes ao público-alvo da operação. Prestaram informações e atendimentos o Programa Vida Ativa, Gerência Regional de Saúde com os Doutores da Alegria, Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade/Saúde do Idoso, da Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), e curso de pedagogia.
Houve brincadeiras de pega-vareta e bambolês, neuróbica, roda de conversa, exercícios de memorização e raciocínio, jogo de vôlei câmbio (adaptado para a idade), ginástica master, dança circular, caminhada orientada e auriculoterapia (serve para tratar até 200 sintomas do corpo através de vasos e canais situados na orelha. Trata-se de uma técnica antiga que vem sendo utilizada até os dias de hoje e serve para promover alívio das dores, enxaqueca, trata a insônia e também problemas e disfunções de caráter psicológico). Aos idosos e às demais pessoas que passeavam pelo Tanque foi lembrado sobre o Outubro Rosa, período em que se enfatiza a conscientização sobre o diagnóstico precoce e prevenção ao câncer de mama.
Saúde sempre
Foram distribuídos fôlderes sobre prevenção ao estresse, depressão, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e câncer. O material trata sobre a ingestão de água, ginástica e alongamento para melhorar a condição dos ossos, manter a musculatura alongada e ativar a circulação sanguínea. Dicas para evitar o sobrepeso e infecção urinária, cuidados com a pele com exposição consciente ao Sol, caminhadas regulares e respiração correta estão expostas nos fôlderes. O consumo de teores de gordura e de sódio, e automedicação também foram alertados.
A mobilizadora social do Programa Vida Ativa e presidente da Associação de Amparo aos Idosos Mãos Amigas, Eliane Floriani Bordin, explica que em torno de 600 idosos participam das atividades do Vida Ativa, realizadas em praticamente todos os bairros de Lages. “Os encontros para as atividades físicas são duas vezes por semana. São dez profissionais atuantes. As atividades acontecem a semana toda. O trabalho dá ânimo para eles (idosos). Significa qualidade de vida. A maior reclamação é de carência, falta do amor familiar. Não falam da questão material.” O coordenador de assistência e saúde do Sesc, Adilson Girardi, comemorou a aceitação do evento. “É válida toda e qualquer atitude em favor desta geração para que envelheça com saúde e respeito. Todos devem fazer a sua parte.”
Viver bem
Elza Albina da Silva, 72 anos, vive no bairro São Miguel e participa do grupo do Vida Ativa no salão da igreja católica do bairro. Ela mora com seu filho mais novo, de 35 anos. É mãe de oito filhos, tem 15 netos e seis bisnetos. “Faz tempo que estou no grupo. Eu estive afastada porque faz quatro meses que fiz uma cirurgia de retirada da vesícula. Voltei semana passada”, conta a idosa, que frequenta as reuniões nas manhãs de terças e quintas-feiras. Elza foi separada por 28 anos e vai fazer um ano que está viúva. “No encontro a gente ri, espairece, o tempo passa. Eu gosto.” Os problemas de saúde são comuns nesta idade. A idosa moradora do São Miguel tem problemas de rins e de osteoporose. “Vou fazer hidro para melhorar. E tudo que me faça distrair ajuda na melhora.”
Leni Araújo Tavares, 69 anos, é coordenadora de um grupo de terceira idade no bairro Várzea, com encontros quinzenais nas tardes de quintas-feiras, na igreja católica. Neste local se reúnem cerca de 40 idosos. “É bom para sair de casa, cantar, dançar. Antigamente, o idoso era jogado fora. Hoje é diferente, existem opções de lazer e convivência. Temos que viver”, reitera Leni. Vaidosa, Maria Juracema Pereira, 78 anos, marcou presença no evento e não falta às reuniões no salão da Paróquia São Judas às terças. “Eu participo de mais grupos. Onde fico sabendo que abriu, estou indo. Em casa moro eu e Deus. Nos encontros a gente se diverte, encontra amigos. Gosto de dançar e conversar, pois não tenho com quem falar em casa.” Ela tem cinco filhos e está divorciada há mais de 40 anos.
Em outubro
No dia 10, às 14h, haverá um baile na antiga Alteri, para participação de aproximadamente 250 idosos. E no dia 17 será promovido um baile, aberto para todos os idosos, a partir das 13h30min, realizado pelo Conselho Municipal do Idoso na sede da Associação dos Aposentados e Pensionistas.
Galeria Marcelo Pakinha
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