O acadêmico da 9ª fase de arquitetura do Centro Universitário Unifacvest, Rafael Krahl, é o idealizador e dirigente da exposição de fotografias “Arquitetura da Madeira”, em molduras especiais de madeira, exibida no pavilhão do Shopinhão, no Parque de Exposições Conta Dinheiro durante a 29ª Festa Nacional do Pinhão. A visitação está aberta desde o primeiro dia do evento, até domingo (18), com apoio da Fundação Cultural de Lages (FCL). A mostra faz parte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do universitário.
Estão evidenciadas 30 fotografias coloridas e em preto e branco, sendo que ao todo são 46 painéis, em que estão acessíveis os resultados da pesquisa sobre a arquitetura da madeira e histórico da utilização deste material em moradias no Estado de Santa Catarina, bem como em outras partes do Sul. Esta tipologia é referida por alguns autores como “casas do Sul” ou “casas de araucária”, devido à disponibilidade da árvore em abundância na região. As medidas dos painéis são variáveis: 42 centímetros de largura por 30 de altura; 60x42, e 84x60. As molduras têm espessura de uma polegada (2,5 centímetros) por 10 e de uma polegada por 25.
O recorte foi feito sobre residências situadas na área dos arredores da Unifacvest, região onde antigamente funcionava a empresa Battistella, ainda com vasto número de exemplares de moradias deste tipo de concentração. Os estudos de Rafael constataram que este tipo de edificação se concentra em pontos próximos a equipamentos regionais, como 1º Batalhão Ferroviário (BFv), linha férrea (Ferrovia) e grandes serrarias.
Valor impalpável
As imagens foram produzidas pelo próprio estudante. O trabalho foi elaborado em curto espaço de tempo, duas semanas, entre registro de fotos, visita aos locais e coleta de depoimentos de moradores, o que embasou a visão das pessoas em relação à preservação. “Uma das conclusões a que se chega é do por que ainda existir este tipo de construção. Está muito ligado ao valor imaterial, o significado destas moradias para estas pessoas, além das vantagens da resistência, durabilidade e do abrigo no frio.”
A tarefa e a missão não paras por aí. A pesquisa detalhada da identificação da tipologia será realizada futuramente. Por enquanto verificou-se a existência de varanda frontal, algo bem comum; naquela região abordada, poucos exemplares com detalhes construtivos de madeira (lambrequim - ornato em beiradas); bases de cepos, casas levantadas por conta da umidade na região, e telhado com duas ou quatro águas (inclinações).
Passagem pelos museus
O resultado dos estudos foi primeiramente exposto numa instalação provisória no corredor da universidade, ainda sem molduras. Após, se tornou painéis expostos no Museu Malinverni Filho em outubro do ano passado, no mês inteiro. Entre dezembro e janeiro a obra esteve no Museu Thiago de Castro.
No início de 2017, Rafael teve a oportunidade de inscrever a obra no edital de exposições de curta duração no Museu Histórico de Santa Catarina, em Florianópolis, e “Arquitetura da Madeira” ficou em 3º lugar. Como era necessário elaborar um projeto específico para adequação ao local da exibição, Rafael aproveitou para apresentar as fotos fixadas em molduras e cavaletes de madeira. Por último veio a questão da impressão das imagens diretamente em chapas de madeira, atribuindo maior realismo.
A estrutura foi confeccionada pelo marceneiro Marco Ferraz, utilizando-se pinus. Ele acumula experiência em móveis entalhados, um modo mais artesanal, com sede da atividade no bairro Santa Rita. A Unifacvest presta apoio financeiro e de divulgação desde o início para que a ideia deslanche para outros lugares, disseminando conceitos, ensinamentos e conscientização.
Arquitetura mais perto da compreensão popular
O trabalho começou na 8ª fase do curso como contrapartida à população, mostrando à comunidade a importância da preservação do patrimônio histórico arquitetônico. “Então aproveitei este trabalho, que tinha um caráter mais prático, para inserir essa ideia das fotos com molduras em madeira”, sublinha Rafael. Sua orientadora é a professora Lilian Fabre, arquiteta e urbanista, profissional com larga experiência.
“A proposta de trabalho focou em tornar a exposição mais didática. Temos em Lages os casos do Colégio Aristiliano Ramos e do Edifício Doutor Acácio, que geraram polêmica porque muitas vezes esta discussão sobre patrimônio fica restrita ao conhecimento técnico, aos profissionais e especialistas em cultura, e a população acaba não compreendendo a situação. O que tentamos fazer na pesquisa foi mostrar os critérios, processos e significados para tornar algo um patrimônio”, detalha Rafael Krahl. Segundo o estudante, é crucial entender que desde o tricô, por mais singelo que seja, consiste em um patrimônio, diante das manifestações culturais de tradição. “O modo de fazer as coisas é patrimonial.” O que é abstrato também é considerado bagagem cultural pela história, informações carregadas, depoimentos memoriais, layouts e designs. Quando algo patrimonial é destruído, desaparecem as características e as provas reais da trajetória de uma comunidade, de um povo, e até de uma civilização.
Agenda
Em 10 de agosto, a exposição seguirá para Florianópolis, no Palácio Cruz e Souza, onde ficará por um mês. Rafael buscará apoio para expor nas escolas de Lages e expandir conhecimento na sua cidade-natal.
Fotos: Carlos Alberto Becker e Marcelo Pakinha
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