“Estamos buscando o bom senso para equacionar os impasses. Nós precisamos nos adequar à cidade e não a cidade ter de se adequar aos interesses individuais.” Altenir Agostini | |||||||||
“Temos muitos momentos em que caminhões, tanto leves quanto pesados, circulam em cima das calçadas, danificando o que já foi revitalizado\", argumenta Edésio Forbici (Foto: Nilton Wolff e Sandro Scheuermann) | |||||||||
Endereço de mais de dez estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, a rua Emiliano Ramos, onde está concentrada a Via Gastronômica, está passando por ampla revitalização, composta por novas redes subterrâneas de energia elétrica, e de compartilhamentos, de esgotamento sanitário, novos passeios públicos e arborização. Mas os empresários da Via estão preocupados com a conscientização da população, principalmente a circulação de veículos pesados em desacordo com a legislação, o que levará a danificar pavimentações e calçadas. A Via Gastronômica foi dimensionada com pavimentos novos, priorizando os pedestres. “Realizamos adaptações no projeto até para permitir o trânsito também de transporte de cargas de pequeno porte para o abastecimento de seus estabelecimentos”, pontua o secretário de Planejamento, Jorge Raineski, salientando que em setembro será iniciado o cabeamento subterrâneo porque a tubulação deverá estar pronta até o fim desse mês. Já foi iniciada a pavimentação da parte dos passeios mais alargados e removida a primeira camada, onde será abrigado o espaço destinado ao estacionamento (também de paver, peças pré-moldadas de concreto), permanecendo a camada asfáltica direcionada somente para o trânsito de veículos previstos no projeto. Desrespeito à lei e às pessoas O presidente da Via Gastronômica, proprietário da Fogão Peças, Edésio Forbici, diz que não está havendo respeito por parte dos caminhoneiros e das empresas sobre a pesagem excessiva. “Temos muitos momentos em que caminhões, tanto leves quanto pesados, circulam em cima das calçadas, danificando o que já foi revitalizado. Estamos apreensivos porque deve-se respeitar o processo desde seu início. O projeto não contempla estacionamento do lado esquerdo e o paver faz com que tenhamos uma via mais leve, com absorção das águas, e demanda cuidado especial para maior durabilidade”, relata. Forbici pondera que a priorização das pessoas e não dos veículos está acontecendo no mundo todo. “O tráfego de veículos diminuirá e a acessibilidade das pessoas aumentará. É preciso entender que Lages está passando por um momento de transição. Todos têm compromisso e horários. Os transtornos, como acidentes, devem ser evitados. Pedimos sensibilidade e apoio, pois em breve a revitalização envolverá todo o Centro da cidade”, adianta. A proprietária da panificadora Pádua, Marlene Pitt Dullius, há 25 anos em Lages, enfatiza que o respeito à circulação limitada já faz parte da sua rotina há muitos anos. “Nós temos duas panificadoras (Centro e Coral), e os caminhões não entram no Centro para descarregar. O descarregamento é feito na unidade do Coral e, de lá, os produtos são transportados em um carro próprio para o Centro. Os caminhões de trigo, por exemplo, são bem grandes. Isso foi resolvido. É uma questão de adaptação e de bem comum. Eu morei em Porto Alegre (RS) por 15 anos e meu carro ficava na garagem a semana toda. Já vim com essa mentalidade pronta”, destaca. Interesses pessoais X coletividade O coordenador regional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Altenir Agostini, defende que o Sebrae trabalha estes projetos de revitalização no sentido de tornar os espaços públicos mais agradáveis, mais bonitos e seguros, criando ambiente para os bons resultados dos negócios já instalados e atraindo novos empreendimentos. “Esta é uma mudança gradativa, uma tendência de outras cidades. Estamos buscando o bom senso para equacionar os impasses. Nós precisamos nos adequar à cidade e não a cidade ter de se adequar aos interesses individuais – pessoa ou empresa”, esclarece. A estimativa é de que, depois de pronta a obra, duplique a valorização dos imóveis da Emiliano Ramos. O que diz a lei Os motoristas em descumprimento estão sujeitos à multa e remoção do veículo, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). A lei municipal 3.509, de 2008, regulamenta o tráfego. Segundo a Diretoria de Trânsito (Diretran), a circulação de veículos com até cinco toneladas está permitida de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, para carga e descarga de mercadorias de espécie, de caminhão, furgão misto/camionete, carga/camionete, respeitando-se os locais pré-estabelecidos e sinalizados. De segunda a sexta, das 19h às 7h, podem circular veículos acima desta pesagem. Para qualquer peso de caminhão o limite de altura é de até 4,30 metros devido à fiação elétrica. Aos sábados, das 13h às 7h de segunda-feira, é permitida a circulação de veículos acima de cinco toneladas, prevalecendo o bom senso de que as vias pavimentadas e de calçamento devem ser preservadas. Os casos excepcionais fora dos padrões indicados na lei serão decididos pelo Órgão Executivo de Trânsito do Município, com antecedência mínima de 48 horas. Para estacionamento de carga e descarga, é obrigatória a utilização do cartão laranja da Área Azul, válido por 30 minutos nas áreas estabelecidas. Em dias úteis é permitida a permanência nos intervalos entre 9h e 12h e das 14h às 18h para veículos com até cinco toneladas. Os veículos acima deste peso podem carregar e descarregar, em dias úteis, das 19h às 7h e aos sábados, até a segunda, prevalecerá a mesma regra de circulação já mencionada. As regras envolvem também o anel interno do rio Carahá fechando com o bairro Copacabana. | |||||||||
quinta-feira, 28 de agosto de 2014
Empresários preocupados com desrespeito à lei do tráfego de caminhões
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