quinta-feira, 14 de novembro de 2013

TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO – SAMPA COM GABARITO

SAMPA
(Caetano Veloso)
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga com a avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas
Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga com a avenida São João
Quando eu te encarei frente a frente, não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi de mau gosto o mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que era antes quando somos mutantes
E foste um difícil começo, afasto o que não conheço
E quem vem de outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Panaméricas de Áfricas utópicas túmulo do samba mais possível novo quilombo de Zumbi
E os novos baianos passeiam na tua garoa
E os novos baianos te podem curtir numa boa.
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  1. SAMPA refere-se à cidade de São Paulo. O texto relaciona lugares, poetas, músicos e movimentos culturais que agitavam a cidade, na época em que foi escrito. Identifique três dessas referências.
  1. Narciso é um personagem da mitologia grega que é apresentado como um jovem extremamente belo e que se apaixonou por sua própria imagem ao vê-la refletida na água de um lago. Ao tentar pegar sua imagem refletida, esta desfazia-se. Tal situação o levou ao desespero e à morte.
a)     Identifique a passagem do texto que faz referência a Narciso.
b)     Qual o sentido dessa passagem, tomando como base o mito de Narciso?
  1. Todas as coisas sempre têm duas faces: o avesso e o direito; a capa e a contra-capa; a cara e a coroa. No trecho: “… e quem vem de outro sonho feliz de cidade / aprende depressa a chamar-te de realidade…” pode-se dizer que o poeta julga que em São Paulo não há lugar para o sonho e para a poesia?
  1. Há no texto alusão a uma particularidade climática de São Paulo, que serviu durante muito tempo de designativo da cidade. Qual é ela?
  1. O sentido global construído pelo poema autoriza a se concluir que:
a. (   ) São Paulo não inspira amor à primeira vista, mas aos poucos começa-se a perceber seus encantos e termina-se por gosta dela.
b. (   ) São Paulo é uma cidade feia que inspira aversão.
c. (   ) São Paulo é uma cidade que inspira amor à primeira vista.
d. (   ) São Paulo deixa as pessoas indiferentes a qualquer sentimento.
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Gabarito:
  1. Você pode ter identificado qualquer das referencias abaixo:
Lugares – “… a Ipiranga com a avenida São João…”;  ”… novo quilombo…”
Poetas e músicos – “… Rita Lee…”; “… mutantes…”; “… novos baianos…”
Movimentos culturais – “… poesia concreta…”
2. a) “… é que Narciso acha feio o que não é espelho…”
b) O poeta (é que Narciso) não aceita (acha feio) outras referências que lhe são desconhecidas (o que não é espelho)
3. Não, porque esse mesmo poeta afirma “eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços…”
4. A garoa.
5. Alternativa A.

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