quinta-feira, 7 de novembro de 2013

TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO – OS MESES DO ANO

Hoje você fará uma leitura diferente. Trata-se de um conjunto de textos curtos retirados de um calendário de 1978 da Caixa Econômica Federal. Cada parte se refere a um mês. O calendário é antigo, mas como não mudaram os meses do ano, os textos permanecem atuais.
JANEIRO  (Clarice Lispector)
          Eu vos afianço que 1978 é o verdadeiro ano cabalístico, pois asoma final de suas unidades é sete. Portanto, mandei lustrar os Instantes do Tempo, rebrilhar as Estrelas, lavar a Lua com leite e o Sol com oiro líquido. Cada ano que se inicia, começo eu a viver.
FEVEREIRO (Luis Fernando Veríssimo)
          O mês mais curto é o que mais vocês curtem. Vocês, estilizados. Eu, no ar-condicionado. Vocês, na terça-feira gorda. Eu, um quarta-feirento. Cinzento. Eu, veríssimo. Vocês, verão.
MARÇO  (Pedro Nava)
          Março é o mês de prodígios infinitos – já que mar cabe em seu nome. Março abre aulas. Março enche a rua de garotos. Ah! marçomar! Faz o milagre de acordar em mim o menino que já fui…
ABRIL  (Elsie Lessa)
          Abril, floral. O começo da primavera, bom como todos os começos. A promessa de um inverno, que é o resto da primavera. E já esperar pelas doçuras de maio, o mês que é primavera no mundo inteiro.
MAIO  (Mário Quintana)
          Ao claro som dos sinos de Maria, o Outono aporta no País de Maio em sua barca toda azul e ouro!
JUNHO  (Carlos Drummond de Andrade)
          Os amantes se aquecem mais em junho. A carícia, entre lãs, avança cálida. O toque, o beijo, a inquietação daninha fagulham, puro ardor, sob o céu pálido.
JULHO  (Lygia Fagundes Telles)
          É tempo de frio, mas é tempo de férias. Este é também o tempo de se lavrar a terra para as sementeiras. Tempo de amar e rezar para melhor crescer árvore e filho. Juuuulho! O vento chama. Juuuulho!…
AGOSTO   (Otto Lara Resende)
          Ao contrário do que se supõe (rifão é rima só, não é verdade) agosto exala um perfume de suavidade, como está no Eclesiastes, formosa oliveira dos campos. Na metade de agosto, exatamente a 15, Nossa Senhora desce à terra, porque subiu ao céu. Mês augusto, mês do amor, mês da Glória; tudo a gosto.
SETEMBRO   (Rubem Braga)
          Tem a Independência do Brasil, a Natividade de Nossa Senhora e o mais simpático de todos os dias santos, porque é o dia dos meninos pobres, o de São Cosme s São Damião. E também tem, se os senhores não se incomodam, a Primavera.
OUTUBRO   (Fernando Sabino)
          Quando eu era menino, o dia 12 de outubro era uma festa para mim. – Que é que você quer ser quando crescer? – os mais velhos perguntavam. Hoje não perguntam mais. Se perguntassem eu diria, como Fellini, que quero ser menino.
NOVEMBRO  (José Américo de Almeida)
          No seu penúltimo mês, o ano marca um encontro emocionante. O Dia dos Finados é a visita que a vida faz à morte. Nada mais existe e o invisível está presente para recolher uma saudade sem esperança, a saudade que desconhece qualquer promessa de tempo.
DEZEMBRO    (Paulo Mendes Campos)
          Coitado do homem tropical se ele for incapaz de ver, ouvir e viver o verão. Coitado de quem passa o verão a bufar (que calor! que calor!), sem abrir os sentidos para o escândalo vital que é a natureza em dezembro.

GLOSSÁRIO
Afiançar – garantir
Aporta – chega
Ardor – calor
Augusto – majestoso
Cabalístico – mágico, misterioso
Cálida – morna
Curtir – aproveitar, viver intensamente
Daninha – endiabrada
Eclesiastes – livro da Bíblia que faz parte do Velho Testamento
Emocional – comovedor
Escândalo vital – abundância de vida, de energia
Estilizados – fantasiados
Exala – desprende, emana
Fagulham – brilham
Fellini – cineasta italiano de renome internacional
Homem tropical – home que habita os países situados na zona tropical (quente) da terra
Inquietação – desassossego
Lavrar – preparar a terra para o plantio
Oiro – ouro
Oliveira – árvore que produz a azeitona
Prodígios – milagres
Rifão – provérbio
Sementeira – plantio de sementes
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Se você leu e compreendeu bem os textos, responda às questões que apresentamos a seguir.
  1. A mensagem do texto JANEIRO é muito significativa, porque é uma mensagem de otimismo. Retire do texto a frase que traduz a esperança no ano que começa.
  1. Em um texto, as palavras podem ser empregadas com sentido real (denotativo) ou sentido figurado (conotativo). Assinale com:
             1 - as frases que contenham expressões empregadas com sentido real ou denotativo;
             2 – as frases que contenham expressões empregadas com sentido figurado ou conotativo.
a. (   ) Eu vos afianço que 1978 é o verdadeiro ano cabalístico.
b. (   ) Pois a soma final de suas unidades é sete.
c. (   ) Portanto, mandei lustrar os Instantes do Tempo.
d. (   ) Rebrilhar as Estrelas.
e. (   ) Lavar a Lua com Leite.
f.  (   ) E o Sol com oiro líquido.
g. (   ) Cada ano que se inicia.
h. (   ) Começo eu a viver.
  1. No texto FEVEREIRO, aparecem interessantes jogos de palavras. Exemplo: “O mês mais curto é o que  vocês mais curtem.”
Dê o significado das palavras grifadas, na frase.
Curto: __________________________          curtem: ________________________________
  1. Neologismo são palavras novas, geralmente formadas a partir de outras palavras existentes no vocabulário da língua. Retire do texto FEVEREIRO um neologismo.
  1. O texto FEVEREIRO foi escrito por Luís Fernando Veríssimo. Ao dizer “Eu veríssimo”, ele tanto pode se referir ao seu nome, como pode estar empregando o superlativo do adjetivo vero, que significa verdadeiro. O sentido da palavra veríssimo, no texto, é ambígua, isto é, possui mais de um sentido. Na frase seguinte “Vocês verão”, ocorre a mesma situação. Explique os dois sentidos da palavra verão, na frase.
  1. Ainda no texto FEVEREIRO aparecem referências a dois aspectos que caracterizam esse mês. Identifique-os analisando as expressões em negrito:
A) Vocês estilizados. Vocês na terça-feira gorda. Eu, um quarta-feirento.
B) Eu, no ar-condicionado. Vocês verão.
  1. Transcreva do texto MARÇO a frase em que aparece um neologismo.
  1. ABRIL “é bom como todos os começos”. Nesta frase, entende-se que:
a. (   ) o mês de abril é bom porque fica no começo do ano
b. (   ) todo começo é bom porque vem acompanhado de promessas e esperanças
c. (   ) esse mês é bom porque vai começar o inverno
d. (   ) todo começo é bom quando nós somos jovens
  1. No texto ABRIL lemos: “E já esperar pelas doçuras de maio…”.  Identifique nesta frase a palavra empregada no sentido conotativo (ou sentido figurado).
  1. Releia com atenção o texto MAIO e faça o que se pede:
a)     Diga se predomina nele a denotação (sentido real) ou a conotação (sentido figurado) no uso das palavras.
b)     Escreva com palavras comuns o que você entendeu ao ler esse texto.
  1. Do pequeno poema sobre o mês de JUNHO, retire as palavras que, em oposição ao frio desse mês, relacionam-se com calor.
  1. Chamamos de onomatopeias as palavras que procuram imitar ruídos de animais ou de coisas. No texto do mês JULHO a autora empregou onomatopeias. Identifique-as e explique seu emprego.
  1. No texto AGOSTO, o autor se refere a um rifão (provérbio popular): “Ao contrário do que se supõe (rifão é rima só, não é verdade) agosto exala um perfume de suavidade.”  A que provérbio popular o autor referiu-se?
  1. De acordo com o texto SETEMBRO, além da primavera, o mês de setembro é importante porque nele se comemoram __________________________________________________________
  1. No texto OUTUBRO, o autor escreveu: “Quando eu era menino, o dia 12 de outubro era uma festa para mim”. Ele refere-se dessa forma a esta data porque:
a. (   ) era a data do aniversário dele
b. (   ) este dia era feriado
c. (   ) se comemora o Dia da Criança
d. (   ) nesse dia, o menino viu um filme de Fellini
  1. Conforme o texto NOVEMBRO, o que é Dia de Finados?
  1. No texto NOVEMBRO, há predominância do uso da conotação (sentido figurado das palavras). Identifique dois exemplos que comprovam isto.
  1. Segundo o texto DEZEMBRO, o homem tropical deve:
a. (   ) evitar o calor do verão
b. (   ) usar roupas mais leves no verão
c. (   ) viver e sentir intensamente a natureza de seu país
d. (   ) procurar regiões de clima amenos, para passar o verão
  1. Escreva, nos parênteses, D para os casos de emprego de denotação e C para os casos de conotação, nas frases extraídas do texto DEZEMBRO:
a. (   ) “Coitado do homem tropical…”
b. (   ) “… se ele for incapaz de ver, ouvir e viver o verão.”
c. (   ) “Coitado de quem passa o verão a bufar…”
d. (   ) “… sem abrir os sentidos para o escândalo vital que é a natureza em dezembro.”
  1. No texto DEZEMBRO, a palavra escândalo significa:
a. (   ) espetáculo
b. (   ) mau procedimento
c. (   ) luxo
d. (   ) indignação
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 GABARITO
1. “Cada ano que se inicia, começo eu a viver.”
2. a. 1     b. 1     c. 2     d. 2      e. 2      f. 2      g. 1       h. 2
3. curto = breve, de pouca duração           curtem = aproveitam, vivem intensamente
4. quarta-feirento, neologismo criado a partir da palavra quarta-feira
5. verão = estação do ano      verão = verbo ver, 3a. pessoa do plural, futuro do presente do indicativo
6. a) o carnaval, que em geral, se realiza neste mês
    b) o calor, pois fevereiro é mês do verão, no Brasil.
7. “Ah! marçomar!” – neologismo criado pela combinação das palavras março mar.
8. alternativa B
9. doçuras
10. a) predomina o uso da conotação.
      b) O texto informa: O Outono começa no mês de maio, que é o mês consagrado a Nossa Senhora. A frase que escrevemos tem sentido semelhante ao do texto, mas usamos o sentido real das palavras ou sentido denotativo.
11. aquecem, lãs, cálida, fagulham, ardor.
12. “juuuulho!”  foi repetida a vogal u para imitar o ruído do vento.
13. “Agosto, mês de desgosto.”
14. a Independência do Brasil, a Natividade de Nossa Senhora e o dia de São Cosme e São Damião.
15. alternativa C
16. O Dia de Finados é o dia em que a vida visita a morte. É uma alusão à visita das pessoas (que estão vivas) aos túmulos (dos que morreram).
17. Você pode ter identificado as seguintes frases:
       . “o ano marca um encontro emocional”
       . “a visita que a vida faz à morte”
       . “o invisível está presente para recolher uma saudade sem esperança”
       . “a saudade que desconhece qualquer promessa de tempo.”
18. alternativa C
19. a. D       b. C      c. D     d. C
20. alternativa A
                               

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