“Eles
enfrentam o preconceito, muitas vezes demonstrado pela própria família. A
maioria são ex-presidiários e encaram o olhar desconfiado rua afora. São seres
humanos como qualquer outro, capazes de reerguer-se e reconstruir sua vida. Não
se pode desistir deles.” - Felipe Diego Freitas
Existente em Lages há cerca
de seis anos e localizado na rua Curitiba, 949, no bairro Santa Helena, o Projeto
Acolher funciona como um albergue provisório e consiste numa casa de passagem
de pessoas que sofrem pela quebra dos vínculos familiares, seja pelo consumo de
drogas lícitas e/ou ilícitas, problemas decorrentes de separação conjugal,
brigas graves, abandono do lar, desemprego, dificuldades financeiras, criminalidade, choque intergeracional etc.
Em Lages, dos 27
abrigados (todos homens), boa parte são migrantes ou andarilhos de outras
cidades não apenas de Santa Catarina, como de outros Estados - Rio Grande do
Sul, Paraná e São Paulo.
No local, um imóvel
alugado, os abrigados fazem refeições, usufruem de banhos e podem permanecer
entre três e seis meses, inseridos na rede de serviços públicos, como saúde
mental, física, odontológica e viés educacional.
“Eles frequentam o
curso de artesanato na própria casa, utilizando madeira e papel. Alguns vendem
as casinhas e barcos confeccionados de madeira, ajudando na própria renda,
outros destinam as peças para decoração. Alguns homens participam de cursos
oferecidos pelo Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CapsAD), pelo
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec), com
qualificações de pedreiro, carpinteiro, encanador, mecânico, entre outros, costuram
estopas (há quatro máquinas na casa), estudam na modalidade de Educação de
Jovens e Adultos (EJA), no Centro e frequentam o Caps2, no Pisani”, descreve o
coordenador do Projeto Acolher, Felipe Diego Freitas, ao reforçar que dos 27,
seis homens possuem trabalho fixo ou autônomo, mantendo-se ativos na sociedade.
Os envolvidos com o
Acolher estão participando do projeto “Inclusão produtiva: Iniciação ao
trabalho como base para erradicação da pobreza”, do Centro de Referência em
Assistência Social (Cras II), no bairro Centenário.
Um dos pontos mais
delicados, mas não menos relevante, pelo contrário, imprescindível, trata-se da
retomada das relações familiares e com a sociedade, exercitada com a ajuda da
equipe de psicologia e assistência social.
“Eles enfrentam o
preconceito, muitas vezes demonstrado pela própria família. A maioria são
ex-presidiários e encaram o olhar desconfiado rua afora. São seres humanos como
qualquer outro, capazes de reerguer-se e reconstruir sua vida. Não se pode
desistir deles. Por isso, estimulamos o contato com pais, irmãos, filhos e
parentes, seja através de visitas deles na casa ou os rapazes indo até seus
entes queridos. Eles não podem ser marginalizados, pois o Acolher trata o
problema de cada um de forma personalizada e busca seu sucesso”, comenta
Freitas.
Laborterapia:
A arte de cuidar de si e do lar
Os rapazes desenvolvem
a laborterapia, um exercício que enfatiza os afazeres domésticos, com cuidados
da horta mantida na casa, manutenção de gramado, jardinagem, limpeza dos
cômodos da residência. Consequentemente, estão cuidando de si, com condições
dignas de higiene e bem estar.
O lazer cultural é
constantemente preservado. No dia 23 de outubro o grupo irá assistir ao
espetáculo “Mundo Líquido”, da Escola Bolshoi,
durante a Mostra Sesc (Serviço Social do Comércio) de Dança 2013, a ser
realizada em 23 e 24 no Teatro Sesc Pousada Rural, a partir das 18h30min, com
entrada franca.
“Eles participam de
atividades externas, além dessa, de sessões de cinema do Sesc, nosso grande
parceiro”, conclui Freitas, ao reforçar que todas as pessoas merecem sua
segunda chance e a cultura, sob seu olhar, “é um dos meios mais eficazes de
reestruturação dos princípios morais e éticos, e de despertar da autoestima”.
Legenda
foto: Hoje em dia, Projeto Acolher colabora para a reestruturação emocional e
participativa de 27 homens acometidos pelas ciladas da vida.
Texto:
Daniele Mendes de Melo
Foto:
Secretaria da Assistência Social/Divulgação
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