A tecnologia da informação e a digitalização mudaram definitivamente a forma como as pessoas trabalham, estudam e se comunicam. Diante disso, o processo de ensino-aprendizagem passou a contar com novas práticas e formas de abordagem. É o que observamos com as metodologias ativas de aprendizagem.
Deixando para trás as práticas passivas e com pouca interação empregadas em sala de aula durante muito tempo, as metodologias ativas estimulam a autonomia e a independência dos estudantes.
Trata-se de um tema bastante promissor na gestão educacional, capaz de revolucionar a relação entre alunos e professores, potencializando a qualidade do aprendizado.
Como? Com diferentes métodos que se apoiam em um princípio: utilizar o engajamento do aluno ao seu favor, colocando-o como protagonista de seu próprio ensino.
Ficou interessado no tema?
Criamos um guia completo sobre o assunto, em que explicamos os diferentes tipos de metodologias ativas de aprendizagem e como já são utilizados em diversas instituições de ensino ao redor do mundo. Confira!
O que são metodologias ativas de aprendizagem?
As metodologias ativas de aprendizagem são uma técnica pedagógica que se baseia em atividades instrucionais, capazes de engajar os estudantes em, de fato, se tornarem protagonistas no processo de construção do próprio conhecimento. Ou seja, são metodologias menos baseadas na transmissão de informações e mais no desenvolvimento de habilidades.
O termo foi cunhado pelos professores Charles Bonwell e James Eison em seu livro “Active Learning: Creating Excitement in the Classroom“, lançado em 1991.
Com as metodologias ativas de aprendizagem, o ensino é feito por meio de práticas que trabalham com diferentes conceitos de maneira repetida — de várias maneiras e com feedback imediato.
O intuito é que o conhecimento possa realmente se firmar nas mentes dos estudantes.
Nos modelos convencionais, as aulas expositivas colocam o professor como o centro do ensino, passando o conteúdo enquanto os alunos absorvem tudo de maneira passiva.
Geralmente, essa abordagem é responsável pelo desinteresse e maior dificuldade de assimilação.
Dessa forma, a aprendizagem ativa dá um salto na relação entre professores e alunos, que, neste formato, são estimulados a tomarem a frente, com maior interação e independência, participando ativamente do processo.
O professor se torna mais um mediador, orientando e conduzindo os alunos na solução de problemas, na elaboração de ideias e argumentos, no trabalho em equipe e em outras competências muito importantes, como responsabilidade, independência, proatividade, ética etc.
Deste modo, é possível dizer que as metodologias ativas de aprendizagem, assim como a gestão educacional, preparam os alunos para a vida acadêmica, profissional e social, oferecendo todas as ferramentas para lidar com situações complexas.
Qual a importância das metodologias ativas no processo de aprendizagem?
Proporcionar um ambiente de aprendizagem em que há oportunidade para todos os alunos de pensar e interagir com o material de estudo é essencial para promover uma educação transformadora. Essa é a importância das metodologias ativas de aprendizagem.
Com isso, é possível aprimorar as habilidades de pensamento crítico, melhorar os índices de motivação dos alunos e diminuir as taxas de reprovação.
Mas e na prática, as metodologias ativas de aprendizagem realmente funcionam? Saiba que sim — e há estudos comprovando.
Um deles é uma análise feita por um conjunto de acadêmicos de algumas universidades americanas, intitulado de “Active learning increases student performance in science, engineering, and mathematics”.
Ao analisar os métodos de estudos aplicados a 225 estudantes de ciências, engenharia e matemática, viu-se que a aprendizagem ativa pode aumentar significativamente as notas do curso em relação aos métodos didáticos tradicionais.
Uma curiosidade é que as metodologias ativas de aprendizagem provaram-se particularmente eficazes em turmas pequenas, de 50 alunos ou menos.
Na análise, calculou-se que os alunos de cursos sem aprendizagem ativa possuíam 1,5 vezes mais chances de reprovação do que os alunos de cursos com aprendizagem ativa.
Além disso, há a relação velada entre as metodologias ativas e a capacidade do ensino de atingir emoções específicas em um aluno.
Afinal, a aprendizagem ativa pode positivamente impactar os níveis de motivação dos alunos — um aspecto-chave para regular a atenção e consolidação de memória do mesmo.
Benefícios das metodologias ativas de aprendizagemAté aqui, você pôde conferir o que são as metodologias ativas de aprendizagem. Agora, quais são as vantagens trazidas por essas novas formas de ensino?
- Maior envolvimento e engajamento: a participação do corpo discente é um dos maiores fatores que contribuem para a retenção de alunos, que se sentem valorizados e podem trabalhar diferentes áreas do conhecimento;
- Autonomia: é importante tratar os alunos como protagonistas do aprendizado individual e coletivo, e autonomia é uma das habilidades mais valorizadas em diversos setores da sociedade,
- Inovação e vantagem competitiva: instituições de ensino que aplicam as metodologias ativas contam com um diferencial no mercado, em relação aos seus concorrentes.
13 tipos de metodologias ativas de aprendizagem
Essas abordagens, é claro, podem seguir diferentes linhas de pensamento e de prática. Quais são, então, os tipos de metodologias ativas presentes nas instituições de ensino? Separamos alguns exemplos a seguir:
1. Gamificação
A gamificação na educação é um dos principais métodos de aprendizagem ativa utilizados hoje, tanto na educação acadêmica quanto na gestão da aprendizagem corporativa.
Trata-se, essencialmente, de trazer elementos comuns a videogames (como desafios, regras, narrativas e storytelling em geral) para o ensino.
Desse modo, é possível expor os alunos a problemas baseados em diferentes situações, disponibilizando recursos diferenciados para que possam resolvê-los — seja individualmente ou em grupo.
É uma prática que estimula o ensino lúdico e o pensamento analítico, desenvolvendo habilidades antes inéditas na sala de aula.
2. Design thinking
O design thinking, como o nome dá a entender, é o pensamento voltado para o design. É muito comum em empresas inovadoras e já começa a dar as caras em instituições de ensino.
O foco do design thinking são as pessoas, e o objetivo é inovar para criar uma solução criativa e eficiente para um problema.
Trata-se de uma metodologia ativa de aprendizagem, pois coloca os envolvidos no centro do problema — e os obriga a “erguer as mangas” para encontrar soluções.
E antes que você pense que o design thinking tem a ver apenas com design de produtos, saiba que não é bem assim.
Na verdade, é uma metodologia que visa olhar para os problemas de novas maneiras, utilizando da lógica, imaginação e intuição, bem como materialização da solução por meio da prototipagem e testagem.
3. Cultura maker
Exemplo perfeito de metodologia ativa de aprendizagem, a cultura maker é baseada nos princípios do “do it yourself” ou “faça você mesmo“.
Na prática, quando falamos da cultura maker na educação, falamos da apresentação de problemas e recursos para resolvê-los.
Assim, de maneira intuitiva, os alunos devem criar as soluções por si só, utilizando os conhecimentos aprendidos em sala de aula.
4. Aprendizado por problemas
A aprendizagem baseada em problemas permite que os alunos exerçam o aprendizado a partir de desafios. Ao encarar situações em determinados conceitos, é necessário trabalhar com criatividade e reflexão.
Os cenários podem sugerir problemas técnicos ou subjetivos, em que diferentes habilidades podem ser necessárias. Sejam técnicas ou emocionais, elas dificilmente são assimiladas por meio de livros ou manuais.
5. Estudo de casos
Com estudos de casos, os estudantes são expostos a problemas reais, de modo que possam analisá-los por inteiro (como uma situação real) e, entre si, discutir as possibilidades de solucioná-los.
Esses casos são relatos construídos de tal modo a estimular o pensamento analítico e sistêmico.
São como exercícios em uma prova, mas mais contextualizados e abrangentes.
6. Aprendizado por projetos
A aprendizagem baseada em projetos trata de um mecanismo que propõe aos alunos identificarem uma situação que não necessariamente é um problema, mas pode ser melhorada, criando uma solução que segue uma linha de raciocínio de “o quê?”, “para quem?”, “para quê?” e “de que forma?”
Complementando a aprendizagem por problemas, essa abordagem estimula o trabalho em equipe e possibilita a descoberta de aptidões que podem ser um diferencial para o empreendedorismo e o mercado de trabalho.
7. Sala de aula invertidaA sala de aula invertida é uma das metodologias ativas de aprendizagem que contam com o auxílio da tecnologia, transformando qualquer ambiente em um espaço dedicado ao estudo.
Seja em casa, na rua, ou nos meios de transporte, por exemplo, é possível acessar o conteúdo previamente, disponibilizado nas plataformas de ensino.
Dessa forma, o tempo da aula pode ser usado para discussões e debates sobre o tema, em vez de somente a transmissão do conteúdo. O professor pode, inclusive, complementar com vídeos, demonstrações visuais e práticas.
8. Seminários e discussões
Outro tipo de metodologia ativa de aprendizagem é a promoção de seminários e discussões entre os alunos.
Muitas vezes, para isso, apenas deve-se mudar a disposição das carteiras para que todos os alunos e o professor estejam em posição de igualdade (em um círculo, por exemplo).
Normalmente, a aplicação prática é simples, com o professor propondo um tema para discussão geral, de modo que os alunos devem se posicionar em relação a ele.
É uma forma de, inclusive, desenvolver o potencial argumentativo, expondo-os a diferentes pontos de vista e colocando-os em situações fora de sua zona de conforto intelectual
9. Pesquisas de campo
Já as pesquisas de campo são práticas excelentes para possibilitar que o ensino, o engajamento e a prática do pensamento analítico aconteçam fora do ambiente da sala de aula.
Como o nome dá a entender, é uma pesquisa de campo: fora da sala, com pessoas diferentes do seu convívio escolar, sobre qualquer tipo de tema.
Essa prática não é rara no ambiente estudantil atual, mas pode ser potencializada e inserida de maneira mais cotidiana para a resolução dos exercícios.
Por exemplo, para que um seminário seja realmente bem feito, o professor pode requisitar uma pesquisa de campo que enriqueça a discussão — trazendo opiniões de pessoas de fora da sala.
10. Storytelling
O storytelling é muito mais um recurso do que uma metodologia ativa de aprendizagem em si.
Trata-se da elaboração de narrativas acerca dos temas estudados em sala de aula.
Desse modo, é possível utilizar recursos tão comuns da trajetória humana — que se desenvolveu na base das narrativas, como as religiosas — para contextualizar os problemas da sala de aula.
Na prática, o storytelling deve ser aplicado a qualquer metodologia ativa, da gamificação às pesquisas de campo e seminários.
11. Aprendizagem entre pares e times
Outra forma de desenvolver a aprendizagem ativa é com trabalhos em pares ou times.
Assim, é possível trabalhar em cima de pontos essenciais, como liderança, delegação de tarefas, colaboração, empatia, entre outras habilidades socioemocionais e mesmo soft skills — aspectos tão importantes no mercado de trabalho.
12. Ensino híbrido
O ensino híbrido (também chamado de blended learning) é uma modalidade de aprendizagem que mistura o modelo presencial e a distância.
Desse modo, é possível criar um ecossistema de aprendizagem calcado na tecnologia, com participação pontual do professor — que muitas vezes ocupa o papel de mentor.
Além de flexibilizar o ensino, utiliza de recursos online e digitais para apresentar diferentes formas de aprendizado ao aluno, engajando-o nos temas, exercícios e problemas apresentados.
13. Rotação por estações
A rotação por estações é uma das práticas dentro do guarda-chuva do blended learning.
Nela, o professor divide a sala de aula em “estações”, separando os alunos por etapas relativas ao planejamento da aula.
Neste caso, a primeira etapa ou estação é a mais básica, como a leitura do tema da redação, enquanto a segunda é a exibição de um vídeo-aula sobre o tema, a terceira uma discussão em grupo sobre o tema e a quarta a produção da redação.
Leia também: Novo Ensino Médio: mudanças, benefícios e desafios
Tipos de metodologias ativas de aprendizagem no EAD
Um dos modelos de ensino mais populares hoje em dia, o EAD vem ganhando mais adeptos a cada mês. Porém, como estimular e implementar metodologias de aprendizagem ativa nesse tipo de ensino?
Alguns deles já apresentamos acima, como a gamificação (se aproveitando dos recursos digitais das plataformas de ensino), bem como com a sala de aula invertida, que torna o ambiente de ensino mais envolvente.
No geral, é possível criar dinâmicas de debates online, que tirem os alunos da “zona de conforto” por trás de seus notebooks ou computadores e os façam se envolver de maneira direta no ensino.
Exemplos de metodologias ativas na educação infantil
Já na educação infantil, as metodologias ativas de aprendizagem têm alto valor no desenvolvimento do cidadão.
Exemplos de metodologias ativas de aprendizagem não faltam, como as salas de aula baseadas na cultura maker, aprendizagem baseada em projetos e a sala de aula invertida.
Hoje, a gamificação também ocupa um papel essencial na oferta de recursos inovadores para desenvolver os alunos nos estágios iniciais de sua educação.
Como aplicar as metodologias ativas de aprendizagem?
E, afinal, como aplicar as metodologias ativas de aprendizagem na sala de aula, independente do grau de ensino? Bom, temos algumas dicas que podem ajudar nesse processo, veja só:
Invista na capacitação do corpo docente
As metodologias ativas de aprendizagem são, sem dúvida, uma novidade no ensino. Por isso, representam novas dinâmicas que devem ser dominadas pelo seu corpo docente.
Antes de qualquer coisa, faça questão de treiná-los nessas metodologias, de modo que a aplicação seja perfeita.
Conte com bons recursos tecnológicos
Cada vez mais a tecnologia tem papel determinante para o sucesso do ensino. No caso das metodologias ativas, a tecnologia é essencial para sua aplicação.
Por isso, não se oponha à inovação, abrace-a, trazendo para dentro da sala de aula.
Conte com a presença dos familiares durantes os processos
Quando falamos em educação básica, a presença dos familiares durante todo processo é crucial para que entendam exatamente o que está sendo feito dentro da sala de aula e sintam-se mais seguros do processos (bem como mais participativos).
Crie um bom relacionamento entre professores e alunos
Por fim, lembre-se da importância de estimular uma boa experiência dos alunos com professores. A relação é um dos pontos-chave para o sucesso das novas metodologias.
Utilize a tecnologia como aliada
E, agora, por onde começar a aplicar novas metodologias ativas de aprendizagem na sua instituição de ensino? Um bom ponto de partida é apostar na tecnologia, usando-a como aliada nesse processo.
Algumas das metodologias apresentadas somente funcionam com auxílio da tecnologia, como a gamificação.
No entanto, vamos além: a tecnologia é crucial para que a instituição modernize a gestão educacional, de modo a integrar dados administrativos e acadêmicos, simplificando o controle de cada setor do negócio.
Que tal começar agora e utilizar sistemas e ferramentas realmente inovadores em sua instituição de ensino?
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