Santa Catarina é o quarto estado com maior número de cervejarias do país, de acordo com os dados do Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento(MAPA), divulgados nesta semana.
Em 2018, o estado somou 105 marcas resultando em uma alta de 34,6% em relação a 2017, que contabilizava 78 cervejarias.
Outro dado interessante é que Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro concentram mais de 90% dos registros de produtos de cerveja e chope no país.
O levantamento mostra que a expansão está sendo puxada pelas bebidas especiais, motivada pela mudança de perfil de consumo do brasileiro, que busca produtos diferentes pois está mais exigente.
De acordo com Carlo Lapolli, presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), um dos problemas atuais são os tributos generalizados no país:
"Acredito que o grande desafio seja conscientizar o consumidor sobre porquê beber as cervejas independentes e ganhar competitividade no que diz respeito a tecnologia de produção e carga tributária. Inclusive, estamos propondo que seja concedido um incentivo para a produção de malte e lúpulos nacionais".
Para ele, Santa Catarina tem o privilégio de ter uma relação estabelecida com a cerveja há muito tempo:
"Através dos imigrantes, que já produziam cerveja em casa, o convívio com esse mercado é de longa data. Isso, claro, influencia. O olhar para a cerveja artesanal como um negócio que múltiplas facetas - turismo, gastronomia, produção, experiência - também está mais desenvolvido nos estados do Sudeste, embora seja crescente em todo o país. Acredito que Santa Catarina seja um bom exemplo, mas que cada estado está desenvolvendo o seu modelo para o desenvolvimento da cerveja independente".
MUNICÍPIOS
Hoje, no país, 479 municípios possuem cervejarias, chegando perto de 10% dos 5.570 municípios brasileiros.
Na classificação das 10 cidades do país com maior número de registros de produtos, apenas Blumenau, com 165, aparece representando SC.
A cidade possui diversos eventos que incentivam a produção e consumo dos produtos, consolidando uma cultura cervejeira. Entre eles a Oktoberfest, Sommerfest, Festival Brasileiro da Cerveja, Concurso Brasileiro de Cervejas, Blumenau International Beer Festival, entre outros.
Ricardo Stodieck, secretário de turismo e lazer e presidente do Parque Vila Germânica, destaca que o que realmente impacta na cadeia produtiva da cervejaria são os impostos estaduais e federais:
“O que elas têm de incentivo é o enquadramento de simplificação do licenciamento ambiental, como atividade não poluidora e isso é grande facilitador para as empresas. O que Blumenau oferece, que é muito importante e incide diretamente no aspecto do marketing, é o fato de e cervejaria estar sediada na Capital Brasileira da Cerveja. Além disso, a cervejaria pode estar integrada ao Vale da Cerveja. Esses são os maiores incentivos que se pode imaginar para o setor. Nenhuma cidade no Brasil oferece a condição que nós oferecemos”.
Ivan Tozzi, ganhador da edição 2017 de um reality show promovido pela Eisenbahn, de Blumenau, comenta que o crescimento do setor cervejeiro em Santa Catarina é reflexo de um longo trabalho do estado em disseminar a cultura, mas sempre de forma séria e com os pés no chão:
“Ações como a busca pela criação de um estilo brasileiro e a realização de eventos de grande porte são alguns exemplos que destaco e que, pra mim, foram responsáveis por trazer esse desenvolvimento”.
Ele é de São Paulo, um dos estados destaque em produção cervejeira no país, e revela que em breve deve lançar sua própria marca. Mais detalhes ao Noticenterele dará durante o Festival Brasileiro de Cerveja, que acontece de 13 a 16 de março, no Parque Vila Germânica, em Blumenau. Será a segunda vez de Ivan no evento.
No levantamento, não são contabilizados, no total de estabelecimentos, as chamadas cervejarias “ciganas”, que são empresas legalmente constituídas, mas sem estrutura produtiva própria.Por Ana Paula Dahlke
Redação Noticenter
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