Durante coletiva à imprensa, na tarde da última quinta-feira (5 de julho), a Polícia Militar Ambiental, sediada em Lages, apresentou os resultados de análises laboratoriais que atestam as possíveis causas da mortandade de peixes da espécie cará, ocorrida no mês de abril deste ano. A apresentação feita pelo cabo PM Ilton Agostini Júnior, que é doutor em biologia, o qual respondeu aos questionamentos feitos pelos repórteres.
A conclusão é de que não se pode afirmar, tendo em vista as análises laboratoriais obtidas, que o agente causador das mortes seletivas dos peixes (indivíduos jovens) tenha sido um fato isolado, mas sim a interação de fatores naturais e de origem antrópica (atividades humanas), produzindo um ambiente, mesmo que temporário, favorável à morte seletiva da espécie Geophagus brasiliensis(cará).
Dentre os diversos fatores que influenciaram na ocorrência das mortes seletivas destaca-se oxigênio dissolvido, causado pela alta carga orgânica (esgoto não tratado) lançado nos rios que desaguam no rio Caveiras e consequentemente na área alagada da Barragem da Usina do Salto. Constatou-se, neste caso, a concentração elevada de coliformes termotolerantes, que são indicadores da existência de esgoto não tratado como fator poluente das águas (relação DQO/DBO 24,4), e incremento de elementos químicos, fósforo e nitrogênio, oriundos do esgoto, de efluentes industriais e fertilizantes, os quais ficam represados no alagado, e nestes casos a fotossíntese eleva o PH das águas.
Constatou-se que o PH (alcalino) no percurso no rio apresentou índice de 9.42, e em diferentes pontos do alagado do Salto 9.36, sendo que o índice natural das águas do Caveiras é de 7.3 a 7.5. Outro fator que influenciou a morte dos peixes, segundo as análises realizadas, foi a elevação da temperatura, podendo ter ocorrido então um choque térmico, devido à variação de 20,2°C a 24,5°C.
Cabe salientar, no entanto, que as análises obtidas não apontaram a ocorrência de poluição por agrotóxicos das águas como um dos fatores diretos que influenciaram na morte dos peixes. “Foi a soma de vários fatores, causas naturais e antrópicas, tendo sido avaliados 25 parâmetros que poderiam influenciar na poluição dos rios. As técnicas de coleta das várias amostras de água seguiram protocolo internacional. Já os exames foram feitos em laboratório especializado”, afirma o cabo da PM Ambiental e doutor em biologia, Ilton Agostini.
Medidas a serem tomadas
O major comandante da Polícia Ambiental de Lages, Adair Alexandre Pimentel, disse que não é somente a corporação militar que aponta os resultados e caminho a ser seguido daqui para frente, mas sim a integração com as secretarias de Serviços Públicos e Meio Ambiente e de Águas e Saneamento, e equipes de estudos de universidades, por exemplo. “Precisamos trabalhar em conjunto na busca das soluções que são necessárias para monitorar os rios e agir de forma precisa e técnica, sempre tendo como objetivo a preservação ambiental”, destacou Pimentel.
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