O segundo e último dia do festival Planeta Atlântida repetiu o sucesso do primeiro em relação ao público. Com ingressos esgotados, 40 mil pessoas viram o pop nacional em sua essência com a Anitta, nomes importantes do hardcore como Dead Fish e CPM 22 e nomes bem mais novos do rap como Projota e Sain - filho de Marcelo D2, que se apresentou ao lado do pai.
Com o céu ainda claro, foi possível ver Projota repetir o feito de Tiago Iorc no dia anterior: reunir o público teen e, especialmente, feminino, para cantar suas letras sobre empoderamento feminino e auto-estima.
Se o rap de Projota não é tão polítizado assim, o outro palco recebia uma banda de hardcore que fez questão de colocar o assunto em pauta - algo que já faz há 25 anos: o Dead Fish. Sem se preocupar com o volume, a banda botou os fãs para se baterem na roda de pogo que durou praticamente todo o show. O clima de paz e amor e boas vibrações seguia no palco principal com o Natiruts, que homenageou Zeca Pagodinho pelo aniversário e o Cidade Negra com uma versão de "A Sombra Da Maldade".
A primeira grande surpresa da noite foi o Sorriso Maroto. Para quem pode ter estranhado um grupo de pagode no line-up de um festival desse porte, saiba que o Sorriso Maroto soube se impor e incorporou até elementos de rock e de shows de arena no seu repertório - o pagode, mesmo, só apareceu lá pela terceira música. Solos de guitarra e o vocalista Bruno Cardoso pedindo para o público erguer as mãos, além de outros artifícios, foram usados para movimentar a plateia. As animações de fundo de palco também eram bastante criativas e divertidas - uma delas mostrava um jogo de Pac Man com os rostos dos integrantes como fantasminhas. Quando os hits chegaram, o jogo já estava ganho.
Antes do show de Anitta ainda deu tempo para ver os cariocas do Braza atacarem com sua diversidade que vai do hardcore para o reggae em questão de minutos. A plateia respondeu ao som cheio de suingue dos caras, que tocavam pela primeira vez no festival com a nova identidade.
Meia-noite, hora de rebolar. Anitta sobe ao palco e a impressão que dá é que as 40 mil pessoas do recinto estão ali vendo o seu show, que é catártico. É olhar para qualquer lado e ver gente dançando e atendendo aos pedidos da canora. Espontânea e carismática, a cantora consegue transmitir a ideia de que é apenas uma garota comum ali no palco, sem afetações. Ao responder um grito de "gostosa", rebate: "É meia. Quando tira, cai tudo, é uma merda!".
A cantora elogiou a organização do festival - e sabemos que ela é bem exigente nesse quesito, já deixou de se apresentar em eventos que não cumpriram horários ou exigências da produção. Ponto pro Planeta!
Projota, que cantou ainda com o céu claro, esperou sua amiga chegar para cantarem juntos a parceria "Cobertor".
O show foi relativamente curto, 57 minutos, mas deu tempo pra diversão: uma sequência de funks trouxe o onipresente "Deu Onda" ao palco, que já tinha sido cantado por Safadão na noite anterior e apareceu em quase todos os intervalos de shows do palco principal. Ponto pro MC G15.
Assim que Anitta encerrou seu show, muita gente se dirigiu ao palco Atlântida para ver talvez o show mais lotado de lá: Marcelo D2 e seu filho Sain. O público ficou bastante dividido entre essa apresentação e a do Capital Inicial, que fez um show elétrico (diferente da atual turnê, acústica). Logo depois ainda deu tempo de ver o cantor Jeremih, que conversou bastante com Anitta no backstage (teremos parceria em breve?). O que foi anunciado como participação de Ludmilla foi praticamente um show completo da cantora. Os dois fizeram juntos "Tipo Crazy", presente no disco da cantora, mas Jeremih deixou o palco para vir "24 Horas Por Dia", "Te Ensinei Certim", "Sem Querer" e "Bom", entre outras, com Ludmilla e seus dançarinos. Antes de sumir, Jeremih ainda recebeu a participação especial da "dançarina" Anitta em "Don't Tell 'Em".
Sucesso de público, a 22ª edição do Planeta Atlântida foi a concretização de algo que já sabemos em relação ao público jovem: não há mais barreiras entre os gêneros musicais, pelo menos quando se fala de grande público. Claro que os nichos sempre vão existir, mas hoje é mais fácil um jovem que encare shows tão diversos entre si quanto Jason Mraz e Wesley Safadão na sequência do que aquele que se tranca no seu quarto ouvindo rock. A diversidade é um caminho sem volta.
Fotos: Agência Preview/Divulgação
Nenhum comentário:
Postar um comentário