O secretário da Habitação, Caetano Palma Neto, supervisionou, na tarde desta quarta-feira (14), o estágio das obras das moradias em construção no bairro Santa Catarina, baseadas no reaproveitamento de materiais sustentáveis ainda descartados pela população sem que haja uma conscientização ambiental. Este é um projeto arrojado, inovador e que já está repercutindo nacionalmente. E para construir esta rede de colaboração em favor de famílias vulneráveis econômica e socialmente em Lages, Caetano busca parcerias permanentemente. Nesta quarta o trabalho esteve concentrado no assentamento da primeira e segunda fiadas (paredes externas e divisórias internas), ou seja, a modulação de início. Uma fiada compreende o formato de tijolos e a outra, a amarração. Nesta primeira modulação os tijolos ecológicos são assentados com argamassa de cimento, areia e cal, para melhor aderência das fundações. Nas fiadas subsequentes será utilizada a fixação com argamassa à base de isopor. “O telhado será de vidro, formado por para-brisas de carros, danificados durante o temporal de granizo ocorrido em outubro de 2014”, adianta Caetano.
A composição dos tijolos desta primeira unidade é de cinzas resultantes da queima de biomassa florestal, utilizada na geração de energia, lodo da Estação de Tratamento de Água (ETA), fornecido pela Secretaria Municipal de Águas e Saneamento (Semasa) e areia de vidro, fabricados no barracão locado pela Secretaria da Habitação, no bairro Caravágio. Todos os componentes são frutos de doação. Nesta primeira remessa serão erguidas três residências, em terreno do Município, localizado atrás das casas térmicas da Defesa Civil. A mão de obra é viabilizada pela própria Habitação.
O custo de cada imóvel foi estimado em R$ 6,5 mil através do orçamento da Secretaria da Habitação. Desta forma, foi possível projetar uma área de serviço. Cada moradia contará agora com 49,25 metros quadrados em vez dos 42 metros quadrados do projeto inicial. A casa estará dividida entre cozinha e sala conjugadas, dois quartos, banheiro com mobiliário, e área de serviço. Caetano calcula que a primeira casa estará pronta até a próxima segunda-feira (19). A primeira contemplada será uma mulher chefe de família moradora no Loteamento Deco, que acabou sofrendo violência doméstica, separou-se do esposo e passou pela tragédia de ter sua casa incendiada pelo companheiro.
A ideia é propiciar maior conforto e durabilidade às residências. Consequentemente, o novo formato oportuniza economia, consciência ambiental e a resolução de um problema social por maior tempo.
Vantagens do novo formato
Engenheiro civil por formação acadêmica, Caetano já estudou profundamente a eficiência de materiais considerados sustentáveis sobre construções habitacionais. Solo-cimento, considerado o tijolo ecológico, embora seja formado por argila ou material de jazida e cimento, produzido com alto consumo de energia, e placas cimentícias são os produtos visados para transformar a realidade em Lages, fazendo com que a vida útil das casas se prolongue por 20, 30, até 50 anos. “O solo cimento é um formato que se adapta a qualquer tipo de região, pois depende somente de estudo, compactação do solo e granulometria ideal, atendendo às especificações brasileiras”, explica o secretário.
O solo-cimento tem, ainda, outras vantagens. É uma parte de cimento para 20 partes de solo, pois não há exigência de queima em forno, somente prensa e espera por sete dias com imediata aplicação nas construções. “É um sistema copiado de algumas peças construídas nas pirâmides, portanto, quanto mais o tempo passa, mais resistente se tornará, e não ao contrário, como ocorre com a madeira, que se deteriora.” Além disto, o solo-cimento demonstra benefícios térmicos e de alta durabilidade. O tamanho das moradias foi aumentado devido às modificações das características de arranjos familiares. Ou seja, as casas terão cozinha e sala conjugadas, dois quartos, banheiro e área de serviço num espaço de 49 metros quadrados, diferentemente dos atuais 30 metros das casas de madeiras.
Voluntariado
A Secretaria da Habitação mobiliza a comunidade e reivindica doações de artigos como restos de tijolos, peças de cerâmicas, azulejos, madeiras, plásticos, vidros, cimento, areia, tubos e conexões. O contato pode ser feito pelo número 3224-8622.
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