Grandes artistas, seja das artes plásticas, da música ou da dança, ganharam vida através das releituras feitas pelos alunos da Escola Municipal de Educação Básica (Emeb) Profª. Madalena Largura, no bairro Vista Alegre. A exposição tomou conta de todos os corredores e salas de aula e transformou a escola em um mundo paralelo, de formas, cores e texturas diferentes. A comunidade, os pais e os próprios alunos, assim como profissionais de outras unidades, foram convidados a prestigiar o trabalho de um ano inteiro.
A diretora Danielle Wolff de Camargo recebeu a todos com carinho e, orgulhosa, percorreu as salas decoradas pelo trabalho incansável da equipe composta por 23 pessoas, desde professores, orientadores e estagiários. Cada trabalho exposto tem sua história e marcas dos alunos, alguns individuais e outros confeccionados no coletivo, instigando a socialização entre eles.
Participaram da exposição todos os 145 alunos, desde a educação infantil, com o berçário, maternal, pré-escolar, da escola multisseriada, com alunos do 1° ao 5° ano e do Educação de Jovens e Adultos (EJA), que estão sendo alfabetizados no período noturno. “É muito gratificante ver todos empenhados para deixar a escola assim repleta de trabalhos bonitos. Temos uma família inteira, com sete integrantes, que estudam na Emeb, desde os pequenos até os pais adultos, que estão se alfabetizando agora. São histórias de vida muito bonitas, de superação”, conta a diretora.

Educação ambiental e arte
A maioria dos trabalhos foi feita com material reciclável, dentro da educação ambiental e sustentabilidade. São brinquedos e joguinhos confeccionados com garrafas PET, caixinhas longa vida e outros materiais, que depois serão distribuídos entre os alunos para que levem para casa. “É muito satisfatório ver o desenvolvimento dele. Em casa mesmo a gente nota a evolução, como está mais ativo”, diz Mayckon Zimmermann, pai de Rafael, de 8 anos.
Clássicos da música como Vinícius de Moraes, ou das artes plásticas, como Tarcila do Amaral, Monet, Van Gogh, Alfredo Volpi, Jean Miró e Ademir Martins foram recriados com muita imaginação pelos alunos. Com criatividade, os professores utilizaram giz de cera, tintas, dobraduras, arroz colorido e papel picado para desenvolver a releitura das telas famosas.
O objetivo é fazer com que a criança pegue gosto pela arte. “Muitos talentos estão sendo despertados aqui”, comenta a professora do pré, Ana Marisa Araldi. Alguns artistas locais, como o escultor José Cristóvão Batista, foram até a escola e realizaram oficinas com os alunos. As esculturas feitas de argila também integram a exposição. O vereador Domingos Rodrigues esteve no período noturno conversando com os alunos adultos sobre a violência contra a mulher.
Superação depois dos 60
 Em uma das salas, Paulo Roberto Cevei, 61 anos, chegou acompanhado da esposa para conferir de perto como ficou a escola, depois de montada a exposição que ele próprio participou. Ele é aluno do EJA e depois de tantos anos tomou coragem de encarar os estudos e aprender a ler e a escrever. “Quando era menino comecei a trabalhar cedo, muitos não acreditam, mas com 8 anos já trabalhava na roça, lá na Coxilha Rica. Depois que fiquei moço tive vergonha de frequentar a escola e mostrar que não sabia nem ler e escrever. Tinha muita discriminação. Mas agora tomei coragem e me matriculei. Minha vida mudou completamente”, conta. |
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