Alagamentos em Lages: alívio e esperança na volta para casa

Já perdi as contas de quantas enchentes eu passei, mas nunca perco a esperança. Agora é começar tudo de novo, sempre com muita fé.” Edir Terezinha

O número de contato para quem quiser fazer doações para os atingidos é o (49) 9810-3461 (Foto: Sandro Scheuermann)

Foram dias de muita tensão e desespero entre as famílias atingidas pelo temporal que atingiu o Estado desde a semana passada. Na Serra catarinense, Lages foi uma das cidades mais prejudicadas. Aproximadamente cem famílias precisaram sair de suas casas e buscaram apoio nos lares de amigos e parentes. Cerca de 50 pessoas foram recebidas no abrigo montado pela Defesa Civil no bairro Habitação. Nesta segunda-feira (12) o nível do rio Carahá baixou consideravelmente e apresentou boas condições para que os moradores pudessem voltar para suas residências. Foi um dia de muita limpeza e esperanças renovadas. A Defesa Civil distribuiu kits de limpeza para que as famílias pudessem fazer a descontaminação de suas casas, que foram alagadas com a água poluída do rio, o que pode causar doenças. Um caminhão foi disponibilizado para fazer a mudança dos abrigados. O mesmo que trouxe todos os pertences das pessoas que solicitaram ajuda, agora os leva de volta para um recomeço. A previsão indica mais chuva para esta terça-feira (13), mas a expectativa do secretário-executivo da Defesa Civil, Adilson Panek, é de que seja menos precipitação e a situação volte à normalidade. “Estamos entregando de volta as famílias às suas casas e esperamos que não tenha a necessidade de ter que retirá-las de novo por causa de alagamentos. Esse é o nosso desejo”, diz Panek. Dias de angústia Uma sensação de alívio em poder voltar para casa tomou conta da senhora Edir Terezinha Mattos de Souza. Durante a manhã ela fez toda a limpeza e deixou tudo preparado para receber de volta a mudança, que chegaria à tarde. À medida que a água do rio subia, ela conseguiu salvar o que pôde, mas perdeu alguns móveis, roupas e eletrodomésticos. Foi para o abrigo junto com a filha, uma neta e a nora. “Já perdi as contas de quantas enchentes eu passei, mas nunca perco a esperança. Agora é começar tudo de novo, sempre com muita fé”, diz emocionada. Ela passou três dias de muita apreensão enquanto estava no abrigo, embora não tenha deixado de lado o sorriso no rosto e a solidariedade. Juntou-se às voluntárias e ajudou na cozinha, fazendo os almoços, jantares e lanches, uma forma de trazer um alento a quem mais precisa e a sensação de união entre os que sofriam com a situação. Eliane Macedo da Silva mora com o marido e três filhos na rua das Bracatingas, no Habitação, uma das áreas que mais sofre com os alagamentos a cada chuva mais forte. Desta vez foi um pouco pior, pois a água chegou até a janela de sua residência e alagou tudo. Ela correu contra o tempo e levou o que pôde até a casa de uma vizinha, que sempre a ajuda nestes momentos. “Na primeira vez perdi tudo e tive que recomeçar. Agora já ficamos prevenidos e conseguimos tirar a maioria das coisas antes, mas a cada enchente é um prejuízo, porque os móveis molham e não fica mais a mesma coisa”, conta. Solidariedade É nestes momentos que a comunidade une forças e mostra o verdadeiro espírito de solidariedade. Desde sexta-feira (9), quando as famílias começaram a chegar ao abrigo do Habitação, as pessoas que não sofriam com os alagamentos passaram a se mobilizar e a entregar donativos. Foram arrecadados roupas e alimentos, que serão distribuídos aos atingidos após uma triagem. Embora tenha sido um grande número de doações, não será o suficiente para suprir as necessidades das famílias. O presidente da associação de moradores, Nilson Neves, solicita que quem puder ajudar forneça itens de cesta básica, roupas, fraldas geriátricas e para crianças, colchões, beliche, guarda-roupa, entre outros. O número para contato é o (49) 9810-3461.