O plano do Governo para retomar o controle dos gastos públicos com uma série de medidas de contingenciamento e aumento de impostos não deve ser cumprido nos moldes propostos inicialmente. A economia de recursos para pagamento de dívida (superávit primário) tem ficado muito aquém do que a equipe econômica havia projetado e o compromisso do ministro Joaquim Levy de poupar 66,3 bilhões de reais de gastos públicos em 2015 - equivalente a 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB)-, está muito longe de ser cumprido. De janeiro a maio, o Governo só conseguiu economizar 6,6 bilhões de reais. O resultado indica ser quase impossível atingir o superávit fixado para este ano, o que compromete ainda mais o retorno do crescimento da economia brasileira e da credibilidade de investidores.
Diante da dificuldade de alcançar o que foi prometido, o Governo já avalia a redução da meta fiscal, apesar de Levy não admitir a ideia. “Se abaixar a meta, é porque o ajuste tem de continuar, se aprofundar”, disse o titular da Fazenda em entrevista à Folha de S. Paulo neste domingo. Parte do ajuste depende do Congresso, o que complica a vida da equipe econômica com a guerra declarada por Eduardo Cunha na semana que passou.
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, já havia afirmado que há uma discussão sobre a fixação de uma banda (uma faixa de tolerância), como já acontece com a meta da inflação, para o alvo fiscal. Levy disse à Folha que desconhece a proposta. Barbosa deve clarear o assunto nesta quarta, após a divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas do Governo. Empenhado em flexibilizar a meta, o senador Romero Jucá, relator do Orçamento de 2015, já apresentou no Congresso proposta de uma emenda de redução da meta para 0,4%, ou 22,1 bilhões de reais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário