O Estatuto do Desarmamento está sob ameaça de ser derrubado por impor dificuldades "quase intransponíveis" – segundo o projeto de lei que o revoga – a quem quer garantir, na bala, a própria defesa pessoal. Mas, desde que ele entrou em vigor em 2003, o brasileiro nunca obteve tantas autorizações para comprar armas de fogo como agora.
De 1º de janeiro a 4 de maio deste ano foram concedidos 82 novos registros de arma por dia. Nunca o arsenal cresceu tão rápido, mostram dados da Polícia Federal obtidos pelo iG via Lei de Acesso à Informação. O último recorde havia sido em 2014, com 66 por dia. Em 2004, primeiro ano completo de vigência do Estatuto, foram 8.
O crescimento é superior ao da população de 25 anos ou mais, idade mínima exigida pelo Estatuto. Com isso, o número de novas armas por 100 mil habitantes saltou de 3, em 2004, para 20 em 2014 – em 2003, ano virtualmente não coberto pelo estatuto, foram 21.
Desde o ano passado, o número de novos registros tem superado também o volume de armas tiradas de circulação por meio da Campanha do Desarmamento – o que não ocorria em anos anteriores. Em 2014, foram recolhidas 16.520 unidades, ante 24.255 novas autorizações. Neste ano, saíram 4.975 armas e entraram 10.191 novos registros.
Parte do aumento está relacionado à autorização de porte de armas para agentes prisionais, concedida no ano passado. Parte, não.
"No último ano, a gente viu chegando bastantes pedidos de cidadãos comuns, comerciantes e empresários", afirma Karina Murakami, chefe do Sistema Nacional de Armas (Sinarm) da Polícia Federal em São Paulo. O número de novos registros de armas no Estado cresceu 4.000% entre 2004 e 2015, segundo os dados da PF.
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