Passada a euforia inicial de quando chegou ao Brasil, com grandes campanhas, Faustão como garoto propaganda e inauguração de várias concessionárias, a JAC agora vive um momento mais "ameno". Além do recém-lançado T6, a marca prepara mais novidades para o segmento que está bombando no momento, o de SUVs.
Com porte de ix35 a preço de EcoSport, o T6 faz uma boa aposta. Primeiro avaliamos o modelo chinês com exclusividade, no ano passado, e depois no lançamento do modelo destinado ao Brasil. A primeira impressão foi "o melhor JAC até agora", mas será que numa convivência mais longa as boas impressões se confirmam?
De olho no custo benefício, o SUV oriental oferece bom pacote de série por R$ 69.990: direção hidráulica, airbag duplo, freios ABS, Isofix, ar-condicionado, volante em couro com comandos de som, faróis de neblina, farol com regulagem elétrica de altura, computador de bordo e roda de liga leve aro 17
O pack 1 de opcionais adiciona barras longitudinais no teto, retrovisores na cor do carro e com rebatimento elétrico, frisos laterais e maçanetas cromadas, elevando o preço para R$ 71.990. O pack 2 inclui a central multimídia, chegando a R$ 75.670 com tudo o que o T6 pode oferecer.
São valores atraentes para a categoria, mas que fazem do T6 o segundo carro chinês mais caro do mercado brasileiro, perdendo apenas da van JAC T8. E você sabe: uma coisa é empatar R$ 40 mil num carro Made in China, outra é investir R$ 75 mil - mais um desafio para a JAC. Todavia, ficaram de fora da lista do modelo "brasileiro" itens como controles de estabilidade e tração, airbags laterais, e câmbio automático - tudo oferecido no exterior, mas cortado aqui por questões de custo, segundo a JAC.
Projetado em estúdios italianos, o T6 causa boa impressão ao vivo. A frente é imponente e visto de lado é inegável sua semelhança com o Hyundai ix35, bem como a traseira a là Audi Q3. Pode-se até questionar que falta um pouco de personalidade, porém, mesmo assim o resultado final agrada e transmite robustez. Se comparado aos demais carros da marca, o utilitário mostra maior cuidado na montagem das peças externas e também chama a atenção pelos detalhes externos cromados. As rodas de liga leve aro 17" vestem largos pneus 225/60.
Espaçoso, o T6 acomoda bem cinco pessoas e se destaca pela comodidade no banco traseiro, umas das principais vantagens pelo porte maior que o dos SUVs compactos. Certamente ele permite maior liberdade de movimentos que um EcoSport ou mesmo o Duster. Já o porta-malas leva 610 litros declarados, mas é muito raso, o que faz os objetos se deslocarem o tempo todo.
O acabamento interno, bem como os bancos (em couro na versão testada) são na cor preta e pecam pela aparência muito brilhante dos plásticos. É uma evolução se lembramos dos primeiros chineses, sem dúvida, mas ainda assim parece carro de projeto antigo. Apesar de abusar do plástico rígido no interior, com diversas texturas e apliques de acrílico, a montagem é correta e não há rebarbas. Outro ponto positivo é a vedação da portas e o isolamento de ruídos externos.
No painel, destaque para o quadro de instrumentos com computador de bordo e agradável iluminação em tom claro, que a exemplo de outro modelo da marca, o J6, poderia ficar ilegível em dias muito claros. Todavia, o modelo testado veio com película escura nos vidros, o que não permitiu avaliar este aspecto.
A central multimídia, que abriga também o sistema de navegação e câmera traseira, tem pouca sensibilidade nos comandos ao toque, além do menu e manuseio um pouco confuso, mesmo na simples tarefa de acessar músicas de um pen-drive, por exemplo. Pelo lado positivo, possui o sistema MirrorLink, que garante conectividade com Android e Apple, além da comodidade de se conectar ao Waze, conhecido aplicativo de informações de trânsito ao vivo.
A posição de dirigir é alta e a visibilidade boa - o volante tem apenas ajuste de altura. A ergonomia também é correta: alavanca de câmbio, console central e demais comandos do painel estão ao alcance das mãos. Ponto fraco é a modulação dos pedais. A embreagem tem curso muito curto e atuação brusca, em oposição ao acelerador, bastante sensível. Traduzindo: no anda e para do trânsito e rampas, mesmo pouco inclinadas, é necessário costume para não sair aos solavancos. Para piorar, o freio é excessivamente duro.
Solavancos à parte, rodando na cidade o T6 agrada. A suspensão fica no meio termo entre firmeza e conforto, o que é bom para um SUV (por ser mais alto) e os buracos são filtrados de forma satisfatória. Todavia, trafegando em asfalto ruim e lombadas, mesmo devagar, a suspensão traseira "pula" em excesso - o retorno dos amortecedores é muito rápido -, causando desconforto principalmente para quem está no banco de trás.
A direção com assistência elétrica é bem leve em manobras e boa para o dia-a-dia, mas na estrada não fica tão firme como deveria e tem pouca comunicação com o condutor. Já o câmbio é um pouco duro e seco nos engates, não combinando com a toada confortável do T6. De resto, porém, o SUV oferece boa dinâmica e comportamento acima da média nas curvas - a carroceria inclina somente o esperado e não há tendência de sair de traseira. Em frenagens, se mantém firme na trajetória sem mergulho excessivo da dianteira.
Em termos de desempenho, o motor 2.0 16V vindo do J6 dá para o gasto. Recalibrado para 155/160 cv (gasolina/etanol), consegue carregar os 1.505 kg do SUV sem muito sofrimento. Nas retomadas, porém, não dá para ter preguiça de reduzir de marcha, sob pena de o T6 demorar para embalar. Em baixas rotações falta um pouco de força, mas em alta as coisas melhoram. A JAC fala em 0 a 100 km/h em 12,2 s e máxima de 186 km/h, números que nos parecem perfeitamente aceitáveis - infelizmente não foi possível realizar nossas medições na semana em que estávamos com o modelo. Viajando a 120 km/h, a rotação fica em 3.350 rpm, com nível de ruído baixo na cabine. Mas o consumo não é dos melhores: sequer chega a 10 km/l de etanol na estrada.
Em meio aos SUVs compactos como EcoSport, Duster, HR-V e tantos outros, o T6 se sobressai pelo porte mais avantajado, além de amplo espaço para os ocupantes e bagagens. Mas a falta de uma versão automática é latente, sobretudo quando sabemos da preferência por este tipo de transmissão nesta faixa de preço - em breve o EcoSport vai ganhar o câmbio Powershift na versão 1.6.
pós uma semana de convivência, concluímos que o T6 é mesmo o melhor JAC até agora. Apesar das falhas pontuais e da necessidade de ajustes, é a chance levar para casa um SUV médio a preço de compacto. O único porém é o valor de revenda, pois a desvalorização tende a ser maior em relação às marcas já mais estabelecidas por aqui. No caso da JAC isso deve começar a mudar com o lançamento de novos produtos (este ano ainda teremos o aguardado T5) e inauguração da fábrica em solo brasileiro.
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