Uma empresa de Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, é mencionada em uma denúncia feita pelo Fantástico de domingo (4), na qual mostra flagrantes de negociações que empresas de próteses ortopédicas fazem com médicos e hospitais. Para faturar mais e incentivados por empresas, alguns médicos mentem sobre próteses e até indicam cirurgias desnecessárias. Nesta segunda-feira (5), o Governo Federal anunciou um grupo de trabalho que envolve Ministério da Saúde, da Justiça e da Fazenda para investigar as fraudes. O presidente Regional da Sociedade Brasileira de Ortopedia (SBOT-SC) em Santa Catarina também falou sobre o assunto.
A empresa Strehl, de Balneário Camboriú, é uma das citadas na reportagem do Fantástico. O representante comercial falou sobre materiais desperdiçados e cobranças de próteses não utilizadas. “A gente até riu quando eu soube disso aí. Que eles entortaram a placa, tentaram usar, mas daí eles não conseguiram e tiveram que colocar outra”, fala o representante ao repórter, sem saber que estava sendo gravado. Segundo ele, o rendimento dos médicos é maior quanto maior for o pedido. “Tu vais ganhar em torno de uns R$ 18, 20 mil. Tudo o que dá para pedir o pessoal pede. Sempre exagerado", diz.
A reportagem da RBS TV esteve nesta segunda-feira (5) no local indicado como sendo do endereço da empresa Strehl em Balneário Camboriú. Mas no local não havia ninguém. Na faixada do prédio não há indicações de que no local funciona uma empresa. A equipe também tentou contato por telefone, sem sucesso.
Segundo o presidente Regional da Sociedade Brasileira de Ortopedia em Santa Catarina, Waldemar de Souza Junior, cabe à entidade apenas a orientação e o alerta aos pacientes. "A gente não aceita isso como sociedade. Como médicos éticos, essa é uma situação totalmente irresponsável. Acaba tendo uma parcela pequena de médicos que se sujeita a esse tipo de situação inescrupulosa com empresas tomando benefícios em cima disso. O melhor caminho é a denúncia dos pacientes, denúncia do Ministério Público, dos hospitais", explica.
“O paciente tem que tentar encontrar um profissional que seja bem aceito no mercado e que atue de forma ética. Vai ter que exigir a qualidade desse médico, ver se é bem conceituado", completa o presidente regional.
FRAUDE EM 5 ESTADOS
O repórter Giovanni Grizotti viajou por cinco estados durante três meses. Ele se passou por médico para investigar a relação dos profissionais da área com este mercado. O mercado de próteses movimenta anualmente R$ 12 bilhões no Brasil. Elas têm muitas finalidades, desde corrigir fraturas até substiututir ossos inteiros do corpo.
Em um Congresso Internacional de Ortopedia que aconteceu no Rio de Janeiro, a reportagem comprovou que os fabricantes de próteses oferecem dinheiro aos médicos para o uso de seus produtos. Para justificar os pagamentos, as empresas dizem que os médicos prestam consultoria. Elas também fraudavam licitações, falsificam orçamentos e indicam cirurgias desnecessárias.
Fonte: G1/SC
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