quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Cerveró ameaça processar quem produzir máscaras com seu rosto no carnaval



A menos de um mês do carnaval, a defesa do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró ameaçou processar quem produzir máscaras com o rosto dele. Com o escândalo na estatal, fábricas planejavam criar esses artigos com a imagem de Cerveró, preso na Polícia Federal de Curitiba devido à Operação Lava-Jato.
Assim que surgiu a especulação de que haveria máscaras de Cerveró, o advogado Edson Ribeiro passou a agir. Um integrante de sua equipe ligou para a maior fábrica que costuma produzir esses artigos para o carnaval, a Condal, em São Gonçalo, e avisou:
— Se alguém fizer isso, vou processar. Você tem o direito à imagem, tem o dano moral. Se alguém fizer, vou localizar quem fez — afirmou Ribeiro.
Fábrica teme indenização
Olga Valle, dona da Condal, disse que, para evitar dores de cabeça, desistiu de reproduzir o rosto de Cerveró. Ela afirmou que, além de o carnaval estar muito próximo, os pedidos pelas máscaras do ex-diretor da Petrobras não eram tantos como se esperava. A ideia é produzir máscaras da presidente da Petrobras, Graça Foster.
— Eles falaram que iam tomar providências. Como estamos mal de tempo, e seria uma complicação, acho melhor não entrar nessa — disse Olga.
A dona da Condal e o marido, Armando Valle, que morreu em 2007, nunca foram processados por alguma autoridade que teve o rosto moldado nas máscaras. Foram muitos os nomes da política que viraram disfarce de carnaval.
Na época do julgamento do mensalão, os personagens foram o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa. Desta vez, Olga preferiu evitar o risco de pagar uma indenização:
— É muito ambíguo. Tudo depende de um juiz. Não estou com vontade de ter esse tipo de problema. Pode ser que o juiz ache que ele (Cerveró) tem esse tipo de direito.
Professor de Direito Constitucional da PUC-SP, Marcelo Figueiredo disse que a Constituição, em seu artigo quinto, prevê o direito à proteção da imagem — que pode ser usado pela defesa de Cerveró —, mas também assegura a proteção à manifestação cultural:
— As pessoas têm direito sobre a própria imagem. Mas, no caso de uma máscara de carnaval, se alguém compra ou usa uma máscara, está exercendo sua liberdade de expressão. Sobre isso, a defesa de Cerveró nem teria direito de ação. Agora, no caso da fábrica que produz os artigos, a empresa pode argumentar que a máscara é objeto da cultura do povo. A Constituição, nos artigos 215 e 216, diz que o Estado protege as manifestações culturais, inclusive as populares — analisou Figueiredo.
Mesmo sem máscaras, Cerveró não será esquecido na folia. Ele não conseguiu escapar da irreverência dos blocos de carnaval. O Lima É Tio Meu vai desfilar na Lapa com um samba sobre o escândalo na Petrobras: “Lindo, lindo, lindo/ É o Cerveró/ Por favor seja bem-vindo/A casa é sua: o xilindró”, diz um trecho da música.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Professor do Sistema Municipal de Educação participará de curso no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares

  Professor da Escola Municipal de Educação Básica (Emeb) Fausta Rath, Filipe Borges Barbosa foi o único catarinense selecionado para partic...