- 02/07/2014 17h52
- Rio de Janeiro
Flavia Villela Edição: Nádia Franco
A partir de 2017, o Brasil vai produzir remédios biotecnológicos 100% nacionais para o tratamento de câncer, artrite e outras doenças. O termo de cooperação foi assinado hoje (2) entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Instituto Vital Brasil, e a joint venture Bionovis (laboratórios Sem, Aché, Hypermarcas e União Química) e prevê a construção de uma nova fábrica, no campus da Fiocruz, em Jacarepaguá,
Os biomedicamentos, feitos com células vivas, vão abastecer o Sistema Único de Saúde (SUS), que atualmente importa esses insumos. A produção nacional deve gerar economia de R$ 460 milhões aos cofres públicos em cinco anos.
Os biomedicamentos, feitos com células vivas, vão abastecer o Sistema Único de Saúde (SUS), que atualmente importa esses insumos. A produção nacional deve gerar economia de R$ 460 milhões aos cofres públicos em cinco anos.
De acordo com o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, além da economia para os cofres públicos, a parceria, que envolve também pesquisa e desenvolvimento tecnológico, trará uma série de benefícios, como desenvolvimento de novos produtos e geração de emprego.
“Estamos fazendo com que haja evolução da produção, do investimento, da geração de empregos, da criação de tecnologia, mas direcionada para o que a população necessita” disse Gadelha. “A área de biofármacos é cada vez mais essencial para o tratamento de câncer e de doenças degenerativas e só será agregada como componente de direito dos cidadãos brasileiros se tivermos capacidade de produzir tais medicamentos em território nacional”, afirmou.
A fábrica, que será privada, receberá incentivos fiscais e deve estar concluída no final de 2016. Inicialmente, a unidade produzirá seis remédios: rituximabe, indicado para linfoma e artrite reumatoide;, etanercepte e infliximabe, ambos para artrite reumatoide; cetuximabe, trastuzumabe e bevacizumabe, usados no tratamento de câncer. O acordo prevê que as tecnologias dos seis insumos serão transferidas integralmente para o Brasil até 2021.
Criada em 2012, com o apoio do governo federal, a Bionovis será a primeira empresa privada especializada em remédios biológicos. Os investimentos do grupo são da ordem de R$500 milhões para os próximos cinco anos. O principal comprador da empresa será o governo federal.
Para o presidente do Banco Nacional do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, o país deve aproveitar a expiração de patentes de muitos desses insumos biológicos, prevista para os próximos anos, para produzi-los nacionalmente. “Os remédios com base biotecnológica já representam quase 60% do total de medicamentos do sistema global. Uma parcela relevante dessas patentes expirarão nos próximos sete oito anos e geram uma oportunidade quase imperdível para o desenvolvimento de biossimilares”, disse ele.
O laboratório Bionovis pleiteou financiamento ao banco para o projeto, mas ainda não obteve resposta.
O laboratório Bionovis pleiteou financiamento ao banco para o projeto, mas ainda não obteve resposta.
Segundo o representante do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, aproximadamente 4% dos medicamentos comprados pela pasta são biológicos e esse percentual representa cerca de 50% do valor de tudo o que o ministério compra com insumos médicos.
Este foi o primeiro registro concedido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o desenvolvimento de um medicamento biológico em uma parceria público-privada no Brasil. A Fiocruz produz alguns insumos biológicos para vacinas e outros medicamentos. Os medicamentos biotecnológicos movimentam US$ 160 bilhões no mundo e R$ 10 bilhões no Brasil.
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